quinta-feira, 16 de julho de 2009

Histórias de quem viu Alto Paraíso nascer farão parte de museu
Morillo Carvalho
Enviado especial
Valter Campanato/ABr
Alto Paraíso de Goiás - Pioneiro, Waldomiro da Silva Filho fala sobre o misticismo do lugar. Os relatos dele farão parte do Museu da Memória, que a cidade ganhará em breve

Aos 66 anos, Waldomiro da Silva Filho viu Alto Paraíso de Goiás (GO) ser emancipado em 1953, assistiu à invasão de turistas em busca das cachoeiras da Chapada dos Veadeiros e ouviu muitas das histórias de misticismo, que envolvem o lugar. Os relatos dele e de outros pioneiros do município farão parte do acervo do futuro Museu da Memória de Alto Paraíso.

A cidade foi uma das 24 contempladas pelo edital Mais Museus, do Ministério da Cultura, destinado àquelas localidades que tenham até 50 mil habitantes e não possuem museu. O visitante que for ao futuro museu poderá conhecer, por exemplo, os segredos gastronômicos de Waldomiro. Ele tem um pequeno comércio de comidas, bebidas, doces e queijos que ele mesmo produz.

Um dos pratos mais procurados é a matula – uma espécie de marmita, mas com vários tipos de carnes. Outra atração do local, com paredes e teto de palha, à beira da estrada que liga Alto Paraíso ao município de São Jorge, são os licores. Seu Waldomiro chegou a desenvolver 103 sabores deles. Além dos segredos da culinária de Alto Paraíso, o nativo contará como foi o início da cidade.

“Eu nasci na roça e fui para a cidade aos 10 anos. Vi a cidade se desenvolver muito lentamente. Inclusive na época da emancipação tinha só 48 casas, com muitos ranchos de palha – até hoje existe a Rua da Palha. Dormíamos com as casas abertas, sem sentir medo nem susto. Hoje, temos que colocar tudo quanto é proteção e ainda dormimos assustados. Em Alto Paraíso, o desenvolvimento nos trouxe esse medo”, contou, embora o município tenha um aspecto pacato de cidade do interior.

Viúvo, pai de dois homens e duas mulheres, todos adultos, e avô de 11 crianças, Waldomiro é um verdadeiro nativo da região. Os avós dele nasceram lá, assim como os pais, os filhos e os netos – cinco gerações da região, que se transformou em Alto Paraíso de Goiás. Sobre o museu, Waldomiro disse que o considera importante para a cidade, desde que sirva para melhorar o respeito aos nativos.

“Eu só não acho importante quando chega alguém que queira fazer algo pisando por cima dos nativos”, opina, comentando sobre os valores dos mais antigos. “Existiam três palavras muito importantes na vida de um ser humano: amor, respeito e receio. Se eu tenho amor por vocês, tenho que respeitar o que é de vocês e ter o receio de lançar a mão querendo colher para mim. Hoje essas três palavras são usadas por pouca gente”, afirma.

Alto Paraíso é conhecida pelos turistas como um lugar místico, onde se acredita que atrai discos voadores e extraterrestres. O comerciante contou que não era assim antigamente, mas salientou que o céu da cidade sempre escondeu alguns mistérios.

“Muita gente fala que tem aqui, nessa serra da Baleia, uma cidade dos ETs. São meus vizinhos e não me aparecem! Agora, as luzes no espaço... Isso eu vejo sempre. Desde que vim para Alto Paraíso, eu comecei a ver. Em todas as regiões mais altas e que contém mais minério, são as que eles mais aparecem. Se são os ETs, eles gostam muito de cristal...”, brinca.

Muito mais histórias ficarão disponíveis no museu, quando estiver pronto. O convênio do município com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ainda não foi assinado – procedimento necessário para a liberação da verba pelo governo federal – mas deve ocorrer dentro de algumas semanas. A partir daí, as histórias contadas por seu Waldomiro se tornarão peças de museu.
Fonte:Agência Brasil

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