Marchas e debates comemoram dia da intolerância religiosa em todo o Brasil
Apesar da Constituição Federal garantir a liberdade religiosa a todo cidadão brasileiro, atos de intolerância religiosa são constantes no Brasil, sejam em ataques a terreiros de religiões de matriz africana, em agressões físicas de seus adeptos ou ainda na destruição de símbolos que representem suas tradições. A proteção do Estado às manifestações das culturas populares afroreligiosas, dos índios e de outros grupos que fazem parte do processo de civilização do Brasil está longe de ser uma realidade.
Nesta quinta-feira, 21, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa - grupos afroreligiosos em todo o país se unem pelo fim da discriminação e da intolerância religiosa por parte de outros grupos religiosos ou não e para dar visibilidade aos saberes e tradições dos espaços sagrados e ancestrais da cultura afrobrasileira.
Diversos casos de intolerância religiosa motivaram a criação da Lei 11.635, que estabelece a data assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 27 de dezembro de 2007.
Neste dia, vivenciadores e simpatizantes de religiões de matriz africana de todo o Brasil, artistas, intelectuais e representantes de várias crenças saem às ruas em marchas, participam de fóruns, debates, programações culturais, entre outras, como forma de enfrentamento ao preconceito e de estimular a sociedade a valorizar a diversidade religiosa.
"A essência das religiões de matriz africana é o culto à natureza, seus elementos, sua sabedoria. Cada orixá representa um elemento da natureza - fogo, água, terra e ar. Infelizmente, por falta de conhecimento de muitas pessoas há a intolerância religiosa. O sincretismo religioso, que teve que ser adotado pelos africanos que não podiam manifestar sua fé, fez uma associação errada dos orixás, como por exemplo associar Exu ao Diabo e não existe o culto ao diabo nas religiões de matriz africana", explica o Diretor de Proteção ao Patrimônio Afrobrasileiro, Maurício Reis.
Intolerância em Brasília
Em 2007, a intolerância religiosa destruiu as esculturas dos orixás afrobrasileiros que adornavam a Praça dos Orixás, na Prainha, em Brasília. Todas as 16 estátuas inauguradas em 2000 foram depredadas. Cinco foram arrancadas dos pedestais de concreto - Nanã, Xangô, Oxalá, Oxóssi e Iemanjá, esta última foi decapitada e incendiada. As de Exu, Ibeiji e Iansã) foram entortadas e tombadas.
A Praça dos Orixás, com recursos da Palmares, foi reinaugurada no 31 de dezembro último, poucas horas antes da tradicional festa de réveillon realizada no local, com as dezesseis novas esculturas representando deuses africanos. Completamente restauradas, as obras são de autoria do escultor baiano Tatti Moreno.
Um pouco de história
Desde a colonização quando os negros foram trazidos da África como mão-de-obra escrava para o Brasil, que seus valores, cultura, religião, suas heranças africanas foram 'arrancados'. A orientação oficial da igreja que justificava a escravidão naquela época era de que os negros não tinham alma e nem religião, portanto, podiam ser desrespeitados e escravizados. Assim, o negro teve que abrir mão de tudo que acreditava para enfrentar uma realidade de perseguição.
A primeira reação dos negros contra a intolerância religiosa foi uma estratégia de resistência conhecida como sincretismo religioso, ou seja, o africano escondeu a prática de seus valores religiosos por meio da prática da religião do seu dominador, só assim podia cultuar seus orixás, os comparando aos santos cultuados pelos portugueses. Surgindo aí o candomblé e a umbanda no Brasil como forma de resistência dos cultos afros, que continuaram sendo historicamente perseguidos e só obtiveram direitos adquiridos, assim como outras manifestações religiosas no Brasil, a partir da Constituição de 1988.
Nesta quinta-feira, 21, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa - grupos afroreligiosos em todo o país se unem pelo fim da discriminação e da intolerância religiosa por parte de outros grupos religiosos ou não e para dar visibilidade aos saberes e tradições dos espaços sagrados e ancestrais da cultura afrobrasileira.
Diversos casos de intolerância religiosa motivaram a criação da Lei 11.635, que estabelece a data assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 27 de dezembro de 2007.
Neste dia, vivenciadores e simpatizantes de religiões de matriz africana de todo o Brasil, artistas, intelectuais e representantes de várias crenças saem às ruas em marchas, participam de fóruns, debates, programações culturais, entre outras, como forma de enfrentamento ao preconceito e de estimular a sociedade a valorizar a diversidade religiosa.
"A essência das religiões de matriz africana é o culto à natureza, seus elementos, sua sabedoria. Cada orixá representa um elemento da natureza - fogo, água, terra e ar. Infelizmente, por falta de conhecimento de muitas pessoas há a intolerância religiosa. O sincretismo religioso, que teve que ser adotado pelos africanos que não podiam manifestar sua fé, fez uma associação errada dos orixás, como por exemplo associar Exu ao Diabo e não existe o culto ao diabo nas religiões de matriz africana", explica o Diretor de Proteção ao Patrimônio Afrobrasileiro, Maurício Reis.
Intolerância em Brasília
Em 2007, a intolerância religiosa destruiu as esculturas dos orixás afrobrasileiros que adornavam a Praça dos Orixás, na Prainha, em Brasília. Todas as 16 estátuas inauguradas em 2000 foram depredadas. Cinco foram arrancadas dos pedestais de concreto - Nanã, Xangô, Oxalá, Oxóssi e Iemanjá, esta última foi decapitada e incendiada. As de Exu, Ibeiji e Iansã) foram entortadas e tombadas.
A Praça dos Orixás, com recursos da Palmares, foi reinaugurada no 31 de dezembro último, poucas horas antes da tradicional festa de réveillon realizada no local, com as dezesseis novas esculturas representando deuses africanos. Completamente restauradas, as obras são de autoria do escultor baiano Tatti Moreno.
Um pouco de história
Desde a colonização quando os negros foram trazidos da África como mão-de-obra escrava para o Brasil, que seus valores, cultura, religião, suas heranças africanas foram 'arrancados'. A orientação oficial da igreja que justificava a escravidão naquela época era de que os negros não tinham alma e nem religião, portanto, podiam ser desrespeitados e escravizados. Assim, o negro teve que abrir mão de tudo que acreditava para enfrentar uma realidade de perseguição.
A primeira reação dos negros contra a intolerância religiosa foi uma estratégia de resistência conhecida como sincretismo religioso, ou seja, o africano escondeu a prática de seus valores religiosos por meio da prática da religião do seu dominador, só assim podia cultuar seus orixás, os comparando aos santos cultuados pelos portugueses. Surgindo aí o candomblé e a umbanda no Brasil como forma de resistência dos cultos afros, que continuaram sendo historicamente perseguidos e só obtiveram direitos adquiridos, assim como outras manifestações religiosas no Brasil, a partir da Constituição de 1988.
Fonte: Fundação Palmares
Um comentário:
que blog maravilhoso!
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