domingo, 22 de novembro de 2009

Grafiteiros participam de encontro em Brasília e cobram regulamentação de sua arte
Brasília - Os grafiteiros do Distrito Federal e de outras regiões do país estão reunidos em Ceilândia (DF) para participar do projeto 100 Muros Mil Cores, um evento que faz parte do 1º Encontro Brasileiro de Grafiteiros. Vários painéis com diversos tipos de composição e temas estão sendo confeccionados em 100 muros de casas e estabelecimentos próximos à estação do metrô de Ceilândia Sul, região administrativa localizada a pouco mais de 20 quilômetros do Plano Piloto de Brasília.
Os grafiteiros querem, além de diferenciar a sua arte das simples pichações, o reconhecimento e o apoio ao Projeto de Lei 138/2008, de autoria do presidente da Frente Parlamentar da Cultura , deputado federal Geraldo Magela (PT-DF). O projeto faz a distinção entre as duas formas de manifestação gráfica. Ele regulamenta, entre outras coisas, o grafite como uma manifestação artística que promove a inclusão social e prevê pena de prisão para o pichador.
Com a regulamentação, o grafite pode ser exposto em qualquer lugar desde que autorizado pelo proprietário do imóvel que vai recebê-lo. “Grafite é uma arte e seu autor um artista, que passará a ter chance de ter até uma remuneração. A pichação é uma agressão ao patrimônio, uma agressão ambiental e como tal punível como crime que pode levar até um ano de prisão”, disse o deputado Geraldo Magela.
A expectativa do parlamentar é pela aprovação do projeto no Senado até o fim do ano, sem alterações, quando será encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a sanção.
O impressor gráfico, Adilson de Moraes, que cedeu a fachada de sua casa à exposição de uma das obras, reclama dos pichadores porque, segundo ele, são manifestações que só dizem respeito aos próprios pichadores e não têm a mesma qualidade artística dos grafiteiros.
Cleiton Pessoa, grafiteiro e tatuador de Taguatinga, região administrativa próxima a Brasília, se define como um artista das ruas e garante que a arte ajuda a afastar os jovens da criminalidade e das drogas, um problema grave no Distrito Federal. “O grafite ajuda muito, pois ocupa muito a mente da molecada. No meu caso, ajuda muito. Depois de uma jornada de trabalho, acaba com o stress diário”, disse.
Politicamente correto, ele não vê nenhuma possibilidade de conflito entre os pichadores e grafiteiros. Para Cleiton, normalmente, os pichadores respeitam os grafiteiros. Segundo ele, se o pichador que quiser ingressar no movimento, está convidado para as diversas oficinas que são realizadas em Brasília e para o projeto Picasso Não Pichava.
Élton Luiz, conhecido como Shock, que veio da Freguesia do Ó, em São Paulo, para participar do encontro, tem obras expostas no exterior e em vários estados. Analista dos grafites, ele acredita que é possível identificar claramente as influências nas obras em cada região, pela linguagem, pelos materiais e pelas mensagens. Shock aproveitou para convidar a população de São Paulo a participar de evento parecido, desta vez contra a violência, que será realizado no início de dezembro em um muro da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.
Um dos responsáveis pelo projeto no DF, Gilmar Cristino, conhecido como Satão, presidente da organização DF Zulu Breakers, acredita que além da plasticidade das obras e a mobilização dos moradores de Ceilândia, iniciativas como esta ajudam na promoção do projeto de lei, que se passar no Congresso Nacional, evitará que o grafite seja reprimido pela polícia em todo o país.
“Seria a lei [regulamentar] o grafite como uma forma de expressão cultural. Uma arte contemporânea difundida em todo o mundo. Talvez a única arte que, além das galerias, está nas ruas e no dia a dia das pessoas”, afirmou.

Fonte:
Daniel Lima Repórter da Agência Brasil
Renato Araújo/ABr

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