Kindala: vozes que vêm dos quilombos
O grupo musical Kindala formado pelas irmãs Liliane, Daniele e Gabriele Gonçalves de Souza, gravou em estúdio sete faixas de seu primeiro CD de música afro-brasileira, na última segunda-feira, dia 8, no Rio de Janeiro.
As irmãs, nascidas no Quilombo da Raza, localizado em Armação de Búzios no estado do Rio de Janeiro, começaram a soltar a voz para preencher as noites escuras pela frequente falta de energia no quilombo. Com vozes potentes e influência de diversos ritmos afro, a música do Kindala é jovem e afirmativa da história e do orgulho de ser negro.
Emocionadas e ainda surpresas por estarem gravando suas músicas e com o CD sendo construído, as irmãs estavam bastante confortáveis no estúdio ao "passar" as músicas. Conscientes das dificuldades que podem enfrentar na carreira musical acreditam ser importante investir profissionalmente em outras áreas.
As três são professoras da 1ª a 4ª série do ensino fundamental. Liliane tem 28 anos e é formada em letras português-inglês, Daniele tem 26 anos e é professora, e Gabriele tem 21 anos e estuda direito.
Ao fim das gravações das primeiras sete músicas será o momento de ir em busca de outros patrocinadores para produzir mais três ou quatro músicas, finalizar e reproduzir cópias do CD.
Liliane conta que no início cantavam com vozes diferentes, mas, com o tempo foram se aprimorando. Estimuladas pelo pai, pastor da igreja Assembléia de Deus, participaram de uma banda e cantavam nos encontros religiosos.
Em 2009, decidiram montar um projeto de música afro-brasileira. As primeiras tentativas foram frustradas, mas nesse mesmo ano, quando se apresentavam em uma rádio local, chamaram a atenção do ´microempresário´, coronel Ubiratan Ângelo, que se dispôs a investir e promover o grupo.
Juntaram-se à proposta Cátia Cruz, assessora da Assembléia Legislativa do Rio, e João Bani, produtor musical e percussionista, que arregimentaram um grupo ´de peso´: Humberto Mirabeli, violonista, guitarrista e arranjador, Vitor Farias, trabalho de estúdio, Alexandre Figueiredo, baterista e Marco Brito, tecladista.
Este grupo, que já trabalhou com nomes como Gilberto Gil, Leila Pinheiro, Simone e Emílio Santiago, foi o responsável pelo arranjo das músicas.
Os representantes da Fundação Cultural Palmares no Rio, Benedito Sérgio e Tarisa Faccion foram até o estúdio conhecer o trabalho das irmãs.
O Quilombo da Rasa foi certificado pela Palmares, em 9 de novembro de 2005.
O refrão da música "Mãe África", uma das faixas gravadas:
"Eu quero libertar
A cultura que há em mim
Pra todo mundo ver
Que eu sou feliz assim
Não tenho medo de dizer
Falar dos ancestrais
Eu quero mesmo é expressar
Ser negro é bom demais".
Fonte: Com informações e fotos de Tarisa Faccion, da representação regional da FCP/RJ
sábado, 13 de fevereiro de 2010
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