domingo, 24 de fevereiro de 2008
POLÍTICA INDÍGENA
Governo e MTE implantam programa de formação profissional indígena em
Mato Grosso
ANDRÉ XAVIER
Redação/Secom-MT
Soraia Ferreira
O programa irá proporcionar cursos profissionalizantes capacitando estes jovens, estimulando a geração de renda.
O Governo do Estado e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) vão implantar em breve, na região do Parque Nacional do Xingu, no Norte do Estado, um programa de formação profissional indígena que deverá capacitar 1.000 jovens índios com idade entre 16 e 24 anos, aldeados ou desaldeados. A informação é do Superintendente de Políticas Indígenas da Casa Civil, Rômulo Vandoni. Segundo ele, a proposta da parceria vem sendo conduzida pelo órgão há algum tempo e foi aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego tendo ainda como parceiros; o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco do Brasil e o Instituto Raoni, entidade não governamental dirigida por representantes indígenas. É o Instituto Raoni que deverá gerenciar os recursos aportados para o desenvolvimento do programa.
A proposta integra o Consórcio Social da Juventude, programa de formação profissional dirigido a jovens de periferias das grandes cidades, executado pelo MTE com a parceria com governos estaduais, entidades civis e instituições financeiras. Nesta modalidade de inclusão de jovens de comunidades indígenas, porém, Mato Grosso é pioneiro. Ao contrário daquela, em que os jovens são capacitados para entrarem no mercado de trabalho, o programa de formação profissional capacita e estimula jovens índios a se manterem em sua própria região, próximo da matéria prima e a partir de uma atividade econômica que gera renda garanta sua sustentabilidade.
"Na verdade, o programa irá proporcionar cursos profissionalizantes capacitando estes jovens, estimulando a geração de renda, com preservação ambiental na região. Com o repasse da primeira remessa de recursos do Ministério do Trabalho e Emprego, algum em torno de R$ 1,8 milhão, alguns projetos já embrionários, como a Casa do Pequi, que funciona na aldeia Piarassu, dos Kaiapós; a produção de mel de abelha, óleo de copaíba e de breu branco (usado na indústria de cosméticos), em maior escala, além da criação de viveiros de plantas nativas, serão profissionalizados, mais estimulados e intensificados", afirmou Vandoni.
Para Vandoni, o curso profissionalizante deverá elevar a auto-estima das comunidades indígenas, pois, estarão trabalhando pelas suas próprias comunidades, aumentando o interesse de permanecerem aldeados, garantindo a preservação do meio ambiente, no manejo correto das matérias primas que usarão para garantir sua própria sobrevivência.
Ele explicou que durante o curso, com previsão de 10 meses de duração, os jovens terão conhecimento de técnicas de produção, noções de contabilidade e gestão de recursos públicos, prestação de contas e inclusão digital, a partir de um ponto de acesso à internet que será inaugurado na aldeia Metoktire.
O superintendente destacou que um consultor indicado pelo Ministério já está no município de Colíder ( Km de Cuiabá) analisando projetos econômicos sustentáveis apresentados. Ele informou também que parte dos recursos já creditados ao Instituto Raoni será utilizado na aquisição de despolpadeiras e em equipamentos de conserva do pequi.
Outra parte deverá ser usado na capacitação para o manejo da produção de mel de abelha, que já possui mercado e na intensificação do comércio do breu branco, uma espécie de planta utilizada na produção de cosméticos e que já possui como grande compradora, porém em pequena escala, a empresa Natura.
BRIGADA INDÍGENA – Rômulo Vandoni informou também que após um período de conversação com líderes indígenas desde o ano passado, já está formatado o programa de treinamento de jovens indígenas para a composição da Brigada Indígena de Proteção e Combate a Incêndios Florestais em Reservas. "A cartilha de treinamento já deve estar pronta em breve e o Comandante Geral do Corpo de Bombeiro, Cel. BM.
Arilton Azevedo Ferreira já está cuidando de destacar os integrantes da corporação que deverão treinar os brigadistas. A nossa idéia é de no futuro criar o Batalhão de Policiais Militares Bombeiros Indígenas que trabalhará no patrulhamento das reservas, garantindo a preservbação da flora e fauna local", ressaltou.