terça-feira, 12 de abril de 2011

Novas estratégias para enfrentar o HIV

Vacinas mais promissoras contra o vírus são aquelas com base na imunidade celular, e não em anticorpos, diz David Watkins, um dos principais especialistas do mundo no teste de vacinas utilizando modelos de macacos (Foto: Universidade de Wisconsin-Madison)

Fracassaram, até agora, todas as tentativas de desenvolver uma vacina eficaz contra o HIV que possa ser aplicada em larga escala. Mas, de acordo com David Watkins, professor do Departamento de Patologia e Medicina Laboratorial da Universidade de Wisconsin-Madison, todos os esforços foram válidos e acumularam conhecimento precioso a respeito do HIV.


A maior parte das vacinas testadas utiliza modelos com base em anticorpos. No entanto, a mais promissora linha de pesquisas atual, segundo Watkins, são os modelos de vacinas com base em resposta imune induzida por células T – os glóbulos brancos especializados em coordenar a resposta imune contra agentes infecciosos e tumores.

Watkins dirige, na universidade norte-americana, o Laboratório de Pesquisa em Vacina para Aids, que possui uma das principais infraestruturas do mundo voltadas para testes de vacinas em primatas não humanos. Segundo ele, testes com macacos são fundamentais para o desenvolvimento de uma vacina eficaz, especialmente no caso das que se baseiam em imunidade celular.

Uma vacina eficaz é, segundo Watkins, uma das principais prioridades de pesquisa na área de saúde, uma vez que cerca de 7 mil pessoas contraem o HIV-Aids diariamente em todo o mundo.

Segundo dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV-Aids, 7,5 milhões de pessoas viviam com Aids em todo o mundo em 1990. Em 2007, já eram 33 milhões de pessoas. Cerca de 270 mil crianças morrem anualmente por causa da doença.

Watkins participou em março do 6º Curso Avançado de Patogênese do HIV, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). O curso, que trouxe ao Brasil 30 dos principais especialistas em HIV de todo o mundo, integrou as atividades do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Investigação em Imunologia (INCT-iii), financiado pela FAPESP e pelo CNPq. Durante o evento, o cientista concedeu à Agência FAPESP a seguinte entrevista:

Houve avanços importantes, recentemente, no conhecimento sobre o HIV? Em que ritmo estão as pesquisas sobre o desenvolvimento de novas drogas e vacinas?

David Watkins – Temos aprendido muito sobre o HIV, hoje um vírus muito bem conhecido, o que tem permitido desenvolver continuamente novas drogas. Então, no aspecto do tratamento, avançamos incrivelmente com base no conhecimento da biologia do vírus. No ano passado, houve um avanço importante relacionado a técnicas de profilaxia pré-exposição. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine tornou-se um marco, na minha opinião, ao usar drogas para prevenir a infecção de maneira profilática. As vacinas já se apresentam como um problema bem mais difícil.
Fonte: Agência FAPESP
Por Fábio de Castro

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