Após dois anos fechada, Biblioteca Nacional de Brasília é inaugurada com 50 mil livros
Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Valter Campanato/ABr
Brasília - O arquiteto Oscar Niemeyer, responsável pelo projeto, durante cerimônia de inauguração da Biblioteca Nacional de Brasília
Brasília - No aniversário de 99 anos de Oscar Niemeyer, há exatos dois anos, o prédio da Biblioteca Nacional de Brasília foi inaugurado, mas a biblioteca não começou a funcionar. De lá para cá, polêmicas por causa da incidência do sol no edifício, que prejudicaria o acervo, impediram que ela fosse aberta de fato. No início da noite de hoje (11), as modernas instalações foram entregues, com acervo de 50 mil livros e a expectativa da visita de três mil a cinco mil pessoas por dia.
“Nós colocamos uma película que protege até 92% da luz e das irradiações solares de infravermelho. Ou seja, os livros estão protegidos e os usuários também. Esse trabalho foi feito em todas as paredes de vidro da biblioteca”, assegurou o diretor da instituição, Antônio Miranda.
O processo levou esses dois anos porque, a princípio, o arquiteto da obra, Oscar Niemeyer, havia vetado a película nos vidros da biblioteca, porque interferiria na proposta inicial do projeto. Contudo, segundo Antônio Miranda, ela foi autorizada. O edifício tem cinco andares e 10 mil metros quadrados. O acervo foi doado por outras instituições e pessoas físicas.
“Marli de Oliveira, a esposa [do escritor] João Cabral de Melo Neto, faleceu, e a família nos honrou doando oito mil livros da coleção pessoal dela, com autógrafos de grandes escritores brasileiros, como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, que eram amigos dela”, contou Miranda.
Além dos 50 mil livros, o Ministério da Cultura fez um repasse de R$ 2,5 milhões, que deve ser publicado no Diário Oficial da União nos próximos dias. De acordo com o diretor da Biblioteca, o dinheiro servirá para a compra de mais de 150 mil exemplares.
Oscar Niemeyer, que completa 101 anos hoje, esteve presente ao lançamento da revista “Nosso Caminho”, que aconteceu em seguida à inauguração, mas falou pouco. Após o discurso do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, disse que “é importante trabalharmos juntos para construir um mundo mais justo e melhor”.
O coordenador nacional de Livro de Leitura, Jéferson Assumção, destacou que a biblioteca “está em um lugar simbólico, na capital do país, na Esplanada dos Ministérios. É muito importante colocar o livro com destaque no imaginário coletivo do brasileiro”, disse Assumção.
Além do lugar ser de destaque por sua simbologia – estar próxima às principais sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário –, ele também fica próximo ao principal ponto de trânsito de pessoas do Distrito Federal: a Rodoviária de Brasília.
“Cerca de 400 mil pessoas passam diariamente pela rodoviária, vindos de muitas partes do Distrito Federal. Isso é muito importante, então é colocar o livro bem próximo de onde passam as pessoas. Isso é a grande qualidade dessa biblioteca”, completou Jéferson Assumção.
Para o ministro da Cultura, Juca Ferreira,“biblioteca é importante em qualquer lugar do mundo e nós estamos fazendo um esforço no Brasil de atingir essa meta em meados do ano que vem, e essa biblioteca é fundamental, porque vai prestar um serviço a uma parcela da população que tem dificuldade de ter acesso à cultura”.