domingo, 27 de abril de 2008
obs: Este texto acaba de ser traduzido por Marcos Piani, budista, São Paulo, retirado do site oficial www.dalailama.com/news,26-04-2008.
Um Apelo a Todos os Irmãos e irmãs espitituais Chineses
Hoje eu gostaria de fazer uma apelo pessoal a todos os irmãos e irmãs espirituais chineses, tanto dentro quanto fora da República Popular da China, e em especial aos seguidores do Buda. Faço isso como monge budista e como estudante do nosso mais reverenciado mestre, o Buda. Já fiz um apelo à comunidade chinesa em geral. Agora estou apelando a você, meus irmãos e irmãs espirituais, em uma matéria humanitária urgente.
Os povos chineses e tibetanos compartilham da herança espiritual comum no budismo Mahayana. Nós veneramos o Buda da compaixão "Guan Yin" na tradição chinesa e Chenrezig na tradição tibetana e consideramos a compaixão a todos os seres que sofrem como um dos ideais espirituais os mais elevados. Além disso, uma vez que o budismo floresceu em China antes mesmo que chegasse ao Tibete vindo da Índia, sempre vi os budistas chineses com a reverência devida a irmãos e às irmãs espirituais mais velhos.
Como a maioria de você está ciente, em 10 de março este ano iniciou-se uma série de demonstrações em Lhasa e em várias regiões tibetanas. Estas são causadas pelo profundo ressentimento tibetano contra às políticas do governo chinês. Fico profundamente entristecido pela perda de vidas, tanto de chineses quanto de tibetanos, e apelo imediatamente às autoridades chinesas e aos tibetanos para que se contenham. Em especial apelo aos tibetanos para que não recorram à violência.
Infelizmente, as autoridades chinesas tem recorrido a métodos brutais para tratar do desenvolvimento apesar dos apelos à contenção por muitos líderes mundiais, ONGs e de cidadãos notáveis do mundo, particularmente muitos eruditos chineses. No processo, houve perda de vidas, muitos feridos, e detenção de grande número de tibetanos. A repressão ainda continua, especialmente visando as instituições monásticas, que tradicionalmente tem sido o repositório do conhecimento e de tradições budista antigas. Muitos mosteiros foram lacrados. Temos relatos de que muitas pessoas detidas tem sido espancadas e maltratadas. Essas medidas repressivas parecem ser parte de uma política sistemática sancionada oficialmente.
Sem observadores internacionais, jornalistas ou mesmo os turistas autorizados a entrar no Tibete, estou profundamente preocupado sobre o destino dos tibetanos. Muitos daqueles feridos surante a repressão, especialmente nas áreas remotas, tem medo de procurar médicos para tratamento temendo serem presos. De acordo com algumas fontes fidedignas, as pessoas estão fugindo para as montanhas onde não têm acesso a alimentos ou abrigo. Aqueles que ficaram para trás tem vivido em medo constante de serem presos.
Estou profundamente apenado pelo sofrimento que ocorre. Estou muito preocupado sobre aonde esses trágicos desenvolvimentos possam levar. Não acredito que a longo prazo as medidas repressivas possam ser a uma solução. A melhor maneira de prosseguir é a de resolver as questões entre tibetanos e a liderança chinesa através de diálogo, como há muito tempo venho advogando. Assegurei repetidamente à liderança da República Popular da China que não busco a independência. O que procuro é uma autonomia significativa para o povo tibetano que assegure a sobrevivência a longo prazo de nossa cultura budista, de nossa língua e de nossa identidade distinta como povo. A rica cultura budista tibetana é parte da herança cultural mais ampla da República Popular da China e tem o potencial beneficiar nossos irmãos e irmãs chineses.
À luz da atual crise, apelo a todos vocês que ajudem a pedir um fim imediato para a brutal repressão vigente, para a libertação de todos os detidos e para seja fornecida assistência médica imediata a todos os feridos.
O Dalai Lama